IDADE: 30 P (descodifica...rsrs) SIGNO: Libra ADORO: Namorar o Sol... e o Mar!! DELIRO COM: Carinhos e Miminhos
FASCINAM-ME: os Lobos BRINDO: a Vida
NÃO DISPENSO: uma boa leitura NÃO PERDOO: mentira, traicao, deslealdade NAO ENTENDO: maldade, intriga, violencia MINHAS PREFERENCIAS TONS: Arco-iris SONS: Anos 70/80 RITMOS: Todos BICHINHOS: Ovelha Negra Foquinha Bebe PAPAROCA: Tradicional Portuguesa (chlep chlep nham nham) HOBBY: Pinto umas coisas... (a manta, por exemplo... rsrs)
Semicerrou os olhos fixando aquela mancha branca no horizonte…
Tentou definir-lhe o concreto de uma forma mas os pensamentos atropelavam-se numa correria desenfreada, sem razão nem emoção que lhes contivesse o ímpeto… O cansaço latejava nas têmporas da vida que sentia fugir na vertigem da incerteza…
A brancura daquela mancha tomava forma pouco a pouco… Um pássaro de asas abertas lançado em voo incerto, lento, deserto… Estranhamente familiar a alegoria… ou talvez não…
Talvez consciência subliminar do abstracto racional a condensar naquela imagem a vontade de voar de si para fora além limites de um eu por conhecer na complexidade do universo em que existia proclamando vida sem viver, respirando nostalgia na dormência dos sentidos…
Os pensamentos disparavam agora em todas as direcções visando alvos incógnitos no indistinto da memória paralisada naquela imagem… O pássaro recolhia as asas mergulhando a pique nas profundezas da apatia cinzelada no olhar nublado…
O que fazer quando a indefinição parece colar-se na pele da alma, indelével, desafiando a razão de todas as razões…?
Por onde ir sem agulha que aponte rumo na bússola desnorteada das emoções cruzadas de indecisão…?
Como acabar com aquela dor que lhe bifurcara o ser e repetia, imperativa, a necessidade de escolher entre morrer e morrer…?
Os seus limites repousavam já lá atrás, desfeitos na lonjura da espera que o tempo desesperou, inexorável…
Revirara vida no reverso da alma tentando manter acesa a chama da fé na crença de que o Amor tudo vence com o poder inquebrantável de um herói destemido que jamais se rende nem sucumbe às investidas do inimigo…
Lutara, ah como lutara!, por um sonho que sentia realidade sentindo-se afortunada pela bênção desse Amor que a envolvera em véu de estrelas brilhando sonho ao luar da felicidade em mar aberto de vida...
Seguira o seu coração…
Para descobrir afinal que batia, solitário, no peito de uma vida que se apagava lentamente, frágil de esperança, enfraquecida no adiar do sonho que o Amor não conquistou porque o herói depôs armas na inércia da coragem e se quedou adormecido entre os despojos da batalha que não travou…
O pássaro branco poisara finalmente num ramo firme da alma que o herói ferira de morte…
Morte súbita… ou morte lenta…? Uma ou outra a matariam de qualquer forma, esmagadoras… Antes morrer de uma só vez…
Vai-te, tristeza, que não te quero! Não és minha, não te chamei, nem sei sequer para que serves… Vai bater a outra porta, que esta minha já fechei e tranquei a sete chaves o amor que um dia amei... É só meu e de ninguém mais, não mo levarás jamais! Esse choro que em ti trazes cala-o já, de nada adianta, que aquele que te enviou tuas lágrimas não secará e depressa te esquecerá nas angústias que desencanta… Por isso, vai-te daqui, volta lá para onde quiseres, que visitas não pedi nem tenho lugar para ti nos recantos do meu sentir… E leva contigo essa dor que grita tanta infelicidade… Não é minha, não a quero, tampouco a quero abrigar! Leva também o cansaço que aconchegas no teu peito... Não o quero assim desfeito pela ausência de um abraço… Vai-te, pois, e sem demora que não tenho vida a perder nessa tristeza que chora sem saber o que fazer…
Calaram-se as palavras, sufocadas, entre mãos moribundas de sentir…
Queimaram-se esperanças e vontades no verbo aceso que escorria amor a incendiar a pele da alma enrugada dos sonhos que se perderam consumidos entre as chamas de um futuro prometido num presente jamais cumprido…
Arderam loucos desejos no fogo intenso dos beijos que se ausentaram dos lábios já gretados de saudade, cerrados na dor do abraço que do corpo se extinguiu…
E no silêncio das palavras apagou-se do verbo o sentir restaram somente as brasas de um amor por acontecer semeadas entre as cinzas de uma vida a renascer…
Vou calar-me, sim, porque o cansaço tomou conta das palavras que não ouves e absorveu-lhes o sentido entre um parágrafo e outro sem nada que inspirasse as páginas deste amor que quis escrever e daquele por contar na grafia do meu sentir…
Vou calar-me, sim, porque as palavras se esgotaram na resposta dos silêncios que apagaram o meu sorriso e o rascunharam trejeito da esperança que já se foi sem tempo que a reescreva, antecipando sombrio desenlace, sem fé que lhe anime o traço em história de final feliz…
Vou calar-me, sim, para não molhar as palavras nas lágrimas que passeiam mágoa entre capítulos já gastos do livro desta alma minha que envelheceu solidão, abandonado à poeira que recobre as letras mortas de um amor jamais escrito…
E vou calar-me, sim, porque o pranto secou as palavras apagando-as entre as folhas de um futuro por escrever, amarelecidas do amor que a saudade folheou rasgando do sonho o final, já cansada de leitura, em tristeza anoitecida…
Vou calar-me, enfim, porque me faltam palavras com vontade de contar o muito que se escreve em mim…
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia...
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia...
Meu amor, meu amor Minha estrela da tarde Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde... Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza Se tu és a alegria ou se és a tristeza... Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza...
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram...
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram...
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto...
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
(José Carlos Ary dos Santos / imagem recolhida online)
Como explicar-te que não é do amor que desisto e sim de ti, que me deixas à beira alma, espreitando pela janela desse sonho de que já parti, sem porta por onde entrar…?
Como explicar-te que não sei viver sem mim, de mãos dadas com a tristeza pelo sorriso que me levaste, apagada de alegria, desanimada de felicidade…
Como explicar-te que não sei como alimentar esta vontade de te querer, sem fé em que possa crer, perdida de todas as crenças que em mim antes acreditaram…?
Como explicar-te, uma vez mais, que não sei contar o amor a gotas, na saudade em que me deito, sozinha, noite após dia, em lençóis já frios de esperança...
Como explicar-te, ainda, que não basta dizer ‘amo-te’ e continuar a sonhar só por sonhar sem o sonho realizar, por medo de um pesadelo que nem sabes se virá…?
E como mostrar-te com clareza que o amor que sinto em mim é imenso, é infinito, não cabe num viver assim magoado de incerteza…?
Como dizer-te, enfim, que não sei mais o que fazer com esse amor que afirmas ter-me… nem com este que vive em mim…?