sábado, abril 28, 2007
Sopro de Vida...Semicerrou os olhos fixando aquela mancha branca no horizonte…
Tentou definir-lhe o concreto de uma forma mas os pensamentos atropelavam-se numa correria desenfreada, sem razão nem emoção que lhes contivesse o ímpeto… O cansaço latejava nas têmporas da vida que sentia fugir na vertigem da incerteza…
A brancura daquela mancha tomava forma pouco a pouco… Um pássaro de asas abertas lançado em voo incerto, lento, deserto… Estranhamente familiar a alegoria… ou talvez não…
Talvez consciência subliminar do abstracto racional a condensar naquela imagem a vontade de voar de si para fora além limites de um eu por conhecer na complexidade do universo em que existia proclamando vida sem viver, respirando nostalgia na dormência dos sentidos…
Os pensamentos disparavam agora em todas as direcções visando alvos incógnitos no indistinto da memória paralisada naquela imagem… O pássaro recolhia as asas mergulhando a pique nas profundezas da apatia cinzelada no olhar nublado…
O que fazer quando a indefinição parece colar-se na pele da alma, indelével, desafiando a razão de todas as razões…?
Por onde ir sem agulha que aponte rumo na bússola desnorteada das emoções cruzadas de indecisão…?
Como acabar com aquela dor que lhe bifurcara o ser e repetia, imperativa, a necessidade de escolher entre morrer e morrer…?
Os seus limites repousavam já lá atrás, desfeitos na lonjura da espera que o tempo desesperou, inexorável…
Revirara vida no reverso da alma tentando manter acesa a chama da fé na crença de que o Amor tudo vence com o poder inquebrantável de um herói destemido que jamais se rende nem sucumbe às investidas do inimigo…
Lutara, ah como lutara!, por um sonho que sentia realidade sentindo-se afortunada pela bênção desse Amor que a envolvera em véu de estrelas brilhando sonho ao luar da felicidade em mar aberto de vida...
Seguira o seu coração…
Para descobrir afinal que batia, solitário, no peito de uma vida que se apagava lentamente, frágil de esperança, enfraquecida no adiar do sonho que o Amor não conquistou porque o herói depôs armas na inércia da coragem e se quedou adormecido entre os despojos da batalha que não travou…
O pássaro branco poisara finalmente num ramo firme da alma que o herói ferira de morte…
Morte súbita… ou morte lenta…? Uma ou outra a matariam de qualquer forma, esmagadoras… Antes morrer de uma só vez…
Talvez… (imagem recolhida online)
Rabiscado por lua
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