segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Solidão...Escorregou por si abaixo resvalando na consciência do tanto que se dera a esse amor infinito, tanto que mais não havia nem poderia inventar em si…
Nada lhe sobrara de quem era, nem as forças que oferecera sem regatear sorrisos ainda que lhe doesse a alma e da dor fizesse calma para esperar sem desesperar um novo e resplandecente dia que nem sabia se viria…
Ali estava agora, devastada, naquela imensa solidão que cortava fundo todos os sentidos de si e a prostrava no vazio que lhe enchia o peito na saudade magoada do abraço que nunca chegou…
Como precisava do calor daquele abraço… Como lhe doía a ausência daquele aconchego meigo em que restaurava energia e renascia força, de vida em punho…
E afinal sempre assim fora…
Sempre se vira sozinha em todos e cada um dos momentos cruciais da sua vida…
Sozinha suportou as dores da infância em que cresceu adulta subitamente perdendo dos sonhos a inocência sem tempo para a adolescência…
Sozinha gritou a morte de um filho e se perdeu do mundo e da vida em caminhos desfeitos de dor…
Sozinha calou desespero quando lhe violaram corpo e alma com espada afiada em maldade da mais vil e hedionda…
Sozinha…
Como se sentia agora… encarando a morte de tudo em que acreditava, perdida de si, desfeita de esperança no grito que não foi ouvido, com a alma em farrapos e o corpo cansado, esgotado de forças no vazio daquela imensa e atroz solidão…
Sobreviveria, sim, uma vez mais... quando conseguisse ouvir a voz do seu coração emudecido no abraço que não chegou...
(imagens recolhidas online)
Rabiscado por lua
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