quarta-feira, maio 25, 2005
Espero-o ...
Meu corpo finta o cansaço que envolve com fino véu cada pedaço de pele nua... Inquieta-se a alma na ânsia incontida do abraço meigo em que me perco noite após noite...
O pensamento, irrequieto, bate o pé, pisca o olho à imaginação, provoca-a, desafia-a ... ela desdenha-o, dá-lhe as costas, resiste... mas ele insiste, puxa-a para si e enlaçando-a fortemente inicia uma dança em passo de agitação... saltam, correm, rodopiam, frenéticos... Os sentidos, electrizados, batem palmas seguindo o ritmo... do seu canto a mente observa, circunspecta...
Ele tarda...
O relógio marca a espera em compasso de lentidão... tento apressar os minutos, as horas não deixam, riem de mim, zombeteiras, insinuam que não virá...
Distraio o pensamento do seu baile ininterrupto mas ele, teimoso, persiste, dá mais uma volta e outra e outra... a imaginação, entontecida, desacerta o passo, tropeça...
Já fatigados os sentidos abrandam o aplauso enquanto a mente, exausta, pede apenas que a deixem sossegar...
E de súbito...
Ah... ei-lo que chega, enfim... o sono!
Rabiscado por lua
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